segunda-feira, 20 de março de 2023

Equinócio de Primavera / 2023-03-20

A Primavera é a estação em que a Natureza volta a “despertar” após o longo período invernal. É a estação da exuberância da vida, das cores, dos cheiros, das formas.

É a “explosão” da vida em cada recanto onde ainda é Natureza.

É tempo de também nós deixarmos “brotar” o que de melhor existe em nós … expressarmos a nossa criatividade, poder, energia nas diversas áreas/dimensões da nossa vida. É um tempo especialmente propício para nos deixarmos guiar pela força e energia da Terra e também por escutarmos, observarmos e aprendermos com a sua sabedoria e essência ancestral.

É também mais uma vez a oportunidade de olharmos para nossas raízes para que possamos perceber quem somos, quem queremos ser e em que sentido queremos ir.

A nossa sociedade perdeu em larga medida a sabedoria do contacto com a Terra e deixou de seguir o ritmo e cadência divina das estações. E é nesse contacto que reside o essencial da questão... nessa reconexão.

Que possas florescer com vigor, naturalidade e beleza nesta Primavera!

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segunda-feira, 13 de março de 2023

Transitando2023 ou 108 Ideias fundamentais para um nova sociedade. Partilha 10, PERMACULTURA

 

PERMACULTURA

Um conceito ou, se quisermos, uma filosofia que surge profundamente associada ao conceito de Transição é o da “Permacultura”. A Permacultura acaba por constituir, efectivamente, uma das filosofias, técnicas, abordagens efectivamente mais revolucionárias aos mais diversos níveis. Podemos assumir, em certa medida, que parte também do conceito de “regeneração ecológica” já que o que nos propõe, quase sempre, é uma regeneração de habitates/paisagens humanizadas que por inúmeros factores se encontram regra geral degradadas, podemos até mesmo dizer “destruídas”.

Em termos práticos é algo complicado definir de forma muito precisa o que é exactamente a Permacultura, até porque ela é susceptíveis de inúmeras interpretações diferentes, mas podemos assumir como uma possível definição relativamente ampla esta retirada da Wikipedia:

A permacultura que significa “cultura permanente”, é um sistema de planeamento de ambientes humanos sustentáveis que utiliza práticas agrícolas e sociais cujo planeamento do seu design é centrado em simular ou utilizar diretamente os padrões e características observados em ecossistemas naturais e foi sistematizada para dar resposta à nova e crescente consciencialização da degradação ambiental global. A própria designação “permanente” foi concebida como a antítese dos modernos sistemas industriais, incluindo sistemas de produção de alimentos que, através da sua alta emergia, por exemplo pela dependência dos combustíveis fósseis e produtos químicos, foram se revelando instáveis, não-resilientes e poluentes (portanto insustentáveis) (1)

Apesar da “conveniência” desta definição também importa dizer, desde logo, que ela acaba por ser profundamente “redutora”. Ou seja, o próprio conceito e filosofia da Permacultura é a muitos níveis bastante mais complexo e amplo do que a definição nos transmite.

No fundo prende-se com a “projecção” de todo um ecossistema visando a optimização de esforços no sentido de assegurar a satisfação das necessidades mais importantes dos indivíduos que nele habitam, passando por áreas como a alimentação, a energia, a água e mesmo áreas de pendor que poderíamos definir como “mais subjectivo” como o bem estar psicológico e social.

Um dos principais objectivos é também o de não nos constituirmos como “invasores” num determinado ecossistema mas sim criar as condições ideais para que ele possa funcionar “por si só” e beneficiar não somente o ser humano mas todos os seres que compõem a cadeia de relações existente nesse mesmo ecossistema. Só por aí, podemos facilmente depreender que nos apresenta um paradigma absolutamente diferenciado do “convencional” em que a forma de nos colocarmos perante a Natureza é a do seu “dono” e da espécie que a pretende “dominar” e subjugar aos interesses (muitas vezes de forma ilusória) da espécie humana.

Então um dos pressupostos da Permacultura é o de que, antes mesmo de qualquer intervenção no ecossistema, a primeira e mais importante fase é a de observação do mesmo no sentido de compreender as relações e dinâmicas existentes … e só depois projectar as intervenções a efectuar tendo sempre por premissa básica a de criar o menor impacto possível. Claro que numa fase inicial esse impacto até poderá ser grande, como por exemplo na construção de um grande charco (que implica uma remoção em grande escala de terras e até a utilização de maquinaria algo pesada), mas sempre no pressuposto de que depois os benefícios para o próprio ecossistema serão em larga medida muito maiores do que os eventuais impactos negativos causados numa fase inicial.

Uma das outras características prende-se naturalmente com a lógica subjacente que é implícitamente uma lógica de longo prazo e de considerar que a dinâmica de (r)equilíbrio do designado ecossistema leva naturalmente o seu tempo. É um processo por assim dizer.

Para além de tudo o mais, ou antes de tudo o mais, também é muito importante levar em linha de consideração que é um processo em larga medida “experimental”, ou seja, muito mais do que implementar teorias completamente definidas e “acabadas” a Permacultura possuí um forte carácter experimentar por assim dizer, o que significa que há muitos aspectos que só se tornarão eventualmente mais claros com a própria experiência. Ou seja, é uma filosofia que implica de forma quase implícita uma enorme humildade face à realidade e um aceitar de tudo aquilo que não se sabe na prática ou ainda não se sabe na prática … porque uma realidade diferente pode, e normalmente implica, uma abordagem bastante diferenciada.

Outros dos aspectos mais importantes prende-se com o facto de ser uma abordagem que podemos definir como perfeitamente oposta a uma lógica extrativista por assim dizer. Então o objectivo não é o de “extraír” do ecossistema o máximo possível, levando vezes sem conta à sua exaustão mas, bem pelo contrário, o de o nutrir e “enriquecer”.

Ao nível da produção alimentar, por exemplo, esse horizonte poderá soar demasiado “utópico” ou “romântico”. É muito difícil por exemplo para um agricultor “convencional” acreditar que é possível produzir numa lógica a vários níveis quase “oposta” àquela que está habituado e lhe parece mais normal. A Permacultura não se cingindo somente à área agrícola oferece claro uma visão diferente. Inicialmente a produção de alimentos poderá tender a ser significativamente inferior à de num modelo convencional. Mas gradualmente ela tenderá a aumentar e, naquilo que constitui um dos aspectos mais interessantes desta filosofia, com o recurso a uma quantidade muito inferior de recursos. Na verdade a ideia será utilizar ao máximo os recursos que estão disponíveis o mais “localmente” possível ao invés de criar um modelo completamente dependente de recursos externos … muitas vezes, para não dizer quase sempre, com um custo ecológico e económico extremamente elevado.

Aliás, é algo perturbador observar como a próprio agricultura dita convencional acaba por ser tão insustentável a tantos e tantos níveis. É, por exemplo, extremamente dependente de uma constante injecção de fundos governamentais ou, no caso da União Europeia, fundos ditos comunitários. Dito de outra forma: é extremamente ineficaz do ponto de vista económico e também ecológico. Perceber que os gastos inerentes aos custos de produção são superiores à receita proveniente da venda daquilo que é produzido deveria soar, em boa verdade, como um paradoxo algo incompreensível. Para além disso, também é bastante perturbador observar que a quantidade de recursos que a agricultura industrial actual requer acaba por ser, em boa verdade, superior à quantidade de alimentos produzida. Ou seja, do ponto de vista ecológico é aquilo que podemos definir como profundamente “ineficiente”.

Essas ilações que no essencial consistem na mera constatação de diversos factos inequívocos deveriam ser motivo, por si só, para nos interrogarmos efectivamente sobre a lógica da agricultura industrial mas a verdade é que esse exercício está longe de ser efectuado com a urgência e importância que deveria.

Começam efectivamente a surgir algumas alternativas e diversos projectos que têm em vista conseguir produzir de uma forma muito mais eficiente, consciente e, também o podemos afirmar, ecológica. Mas ainda assim ainda constituem, por agora, excepções à regra.

De todas essas experiências, muitas das que se destacam na sua capacidade de demonstrar um paradigma profundamente diferente e diria melhor têm por base, efectivamente, a Permacultura. Apesar de ser importante salientar novamente que a Permacultura está longe, muito longe, de se cingir meramente à vertente por assim dizer “agrícola”.

Hoje em dia a Permacultura já se encontra muito mais difundida à escala global e é possível encontrar com relativa facilidade uma oferta muito interessante de cursos e formações na área. Do meu ponto de vista faria todo o sentido que a escala de partilha desses ensinamentos fosse ainda maior e a Permacultura fosse parte integrante dos programas escolares, integrada por exemplo numa disciplina de estudos ecológicos, direcionados para a interacção da espécie humana nos diversos habitats e na forma de trabalhar conscientemente o “meio” e a “paisagem”.

Por outro lado, muito para além de todas as nuances práticas, uma das principais virtudes da Permacultura consiste, no meu ponto de vista, na vertente filosófica da mesma. Não tenho grandes dúvidas, se é que tenho algumas sequer, no potencial “revolucionário” da Permacultura. E muitas “revoluções”, um pouco por todo o planeta, estão de resto já “à vista”.


    (1) Permacultura, Wikipedia, Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Permacultura, Publicado em (?). Acesso: 2022-12-29

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