segunda-feira, 27 de setembro de 2021

Tempestade no mar, gaivotas em terra... / 27-09-2021

 

Quanto e quanto tempo da nossa vida passamos a lamentar, ou mesmo praguejar, pelas coisas que não são como ou o que "gostaríamos" que fossem... uma das mais recorrentes é a forma como protestamos com alguma indignação até pelo "mau tempo"... pela forma como amaldiçoamos a chuva... quando muito provavelmente deveria ser até o oposto... a água é absolutamente imprescindível à vida, à nossa também, e no entanto maldizemos da forma como cai... um dos "segredos" da vida é justamente usufruirmos da vida e tirarmos o proveito mais benéfico da mesma nas circunstâncias em que ela se nos apresenta (sem prejuízo de podermos viver e trabalhar para modificar circunstâncias adversas)... sempre que a chuva cai sinto gratidão por ela e mesmo não gostando especialmente de ficar molhado gosto da chuva... de sentir as gotas, do som, do cheiro da terra húmida, da tez pardacenta da paisagem em volta... e claro, do mar, sempre o mar, em dia de tempestade.

Uma das imagens mais belas e poéticas da minha vida: a de uma bela rapariga dançando nua quando começou a chover copiosamente na montanha... na quinta onde vivi. E pergunto-me porque não me despi também e dancei na chuva? Nunca o fiz e por certo é uma das coisas que quando "partir" não gostaria de deixar por ter "feito" na vida... O que espero? Pela oportunidade "perfeita" ou por conseguir ignorar as desculpas que dou a mim mesmo para não o fazer (e há sempre tantas à disposição!)? Que possamos dançar despidos na chuva mais e arranjar desculpas menos. Que possamos não adiar mais a oportunidade de fazer algo que nunca fizemos na vida... até porque ao adiarmos para "amanhã" facilmente nos esquecemos que o fazer "amanhã" é sempre um verbo conjugado de forma condicional..


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sexta-feira, 3 de setembro de 2021

pés para que te quero? / 02-09-202

 

Deslocações. A grande maioria de nós passa uma grande parte da sua vida deslocando-se de um local para o outro. Essas deslocações na grande maioria das vezes tendem a ser deslocações rotineiras... deslocações de casa para o local de trabalho ou de estudo. Habitualmente é-nos incutida a ideia de que uma deslocação deve ser o mais rápida possível... e essa é uma das principais razões para a frenética "automobilização" da nossa sociedade. Os carros, e as vias para eles circularem, ocuparam o nosso espaço físico, acústico e mesmo "mental". Cultural se quisermos. Dito de outra forma ... a noção de espaço encontra-se intimamente associada à noção de ... tempo. E o ritmo, a velocidade, que nos impomos, porque nos impõem, é sempre de cada vez maior vertigem ... cada vez mais rápido, mais rápido, mais rápido. A verdade é que ... tão focados que estamos no destino ... acabamos por passar ao lado (literalmente) de todos os detalhes ... dos detalhes, dos pormenores, dos segredos da nossa cidade, do espaço que percorremos ...

Segredos e lugares que nos contam estórias, que guardam silenciosas memórias de quem fomos ... segredos e lugares com os quais não paramos para dialogar. Não paramos para dialogar, para observar .... para sentir os odores, para escutar as formas, para compreender as energias ... E é esse diálogo que mais me encanta nas minhas deambulações a pé ou de bicicleta ... essa oportunidade de falar com os lugares ... de contemplar a sua solenidade, a sua sabia antiguidade, de perceber todas as memórias que os caminhos e os recantos guardam esquecidas ... Infelizmente quase sempre que tomo esses desvios, ou simplesmente contemplo os lugares mais habituais, deparo-me com abandono e esquecimento ... parece que nessa frenética corrida rumo a algo que ninguém sabe bem o quê acabamos por nos esquecer de tantas das nossas raízes, da nossa identidade e dos lugares que deixamos lá .... escondidos.

Infelizmente vivemos também num país que parece esculpido à imagem e semelhança do automóvel ... em que o peão, o ciclista é "atirado" literalmente para a berma. Ao percorrer uma parte do caminho de Santiago a partir do Porto segui uma grande parte do percurso na berma da estrada ... quase suplicando aos automóveis pela amabilidade de me concederem o favor de espaço para caminhar ... em locais sem qualquer passeio. Curioso e triste é também em todo o trajecto não ter encontrado uma só fonte. Parece que por cá é sempre melhor investir em placas pomposas que anunciam isto e aquilo mas no essencial pouco ou nada se investe ou melhora os locais.

Para além de tudo isso uma das coisas que mais me choca, sim, continua a chocar, é o lixo ... as generalizações são sempre algo perigosas mas ainda assim creio que não arrisco muito ao afirmar que somos efectivamente um país de badalhocos e badalhocas ... o lixo está por todo o lado ... resíduos a conspurcar a Natureza, ou o que resta dela. É algo que me chocou desde que me lembro de existir mas após algumas décadas gostava de acreditar que neste ponto as coisa estariam um pouco melhores ... e ao ser confrontado com a realidade fica difícil acreditar nisso .... tanto mas tanto que há a fazer para cuidar, valorizar, conhecer o nosso património histórico, natural e cultural ... mas sabemos mais do último grito da tecnologia, do novo telemóvel, ou da vida das personagens das revistas de fofocas, ou dos jogadores de futebol, do que das nossas raízes ... e uma árvore sem raízes fortes é uma árvore tísica, vulnerável, facilmente derrubada pelos ventos da moda. Bem, a partilha já vai longa e o meu principal objectivo era só recordar-me e recordar a quem as minhas palavras possam tocar que é tão importante colocarmos "pés a caminho", ou "pés nos caminhos" e conhecermos verdadeiramente o território, as geografias, as histórias, as gentes que ainda resistem... pôr pés a caminho agora ... pois cada dia que passa há menos histórias, há menos gentes, há menos memória ...


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quinta-feira, 2 de setembro de 2021

às folhas tantas / 01-09-2021

Hoje fui até ao Parque do Covelo. Quando caminhávamos pela relva via-se um manto completamente desprovido de folhas. A razão bem simples e habitual: a espaços viam-se pequenas formações de folhas amontoadas.

Aquilo que parece um gesto banal e natural nos nossos chamados “espaços verdes” é, a meu ver, profundamente sintomático da forma como somos quase analfabetos no que à Natureza diz respeito... e passo a explicar:

As folhas que numa visão antropocêntrica talvez aparentem ser um resíduo e como que algo inestético num relvado que alegadamente se quer liso e, sobretudo, “limpo” são, na verdade, precisamente o oposto … são na verdade um elemento fundamental numa cadeia de interacções e dinâmicas próprias dos ecossistemas.

As folhas que caiem são fundamentais aos mais variados níveis. Desde logo são elas que quando se decompõem vai nutrir a terra com nutrientes essenciais. Para além disso permitem a retenção da tão fundamental humidade do solo. Pode-se ainda acrescentar que protegem o solo de uma excessiva radiação solar e aquecimento em geral. Também para todo um conjunto de espécies que por sua vez vão enriquecer o solo elas oferecem protecção, alimento e humidade. Há um outro aspecto bastante ligado a esse e que se prende com a forma como nos ditos espaços verdades a vegetação é quase obsessivamente cortada e as consequências que isso implica … mas por agora não me vou focar nessa questão.

Outro aspecto muitas vezes esquecido prende-se com o facto dessas folhas conterem sementes …

Nunca mais me esqueci de algo que aprendi há já cerca de 17 anos na Eco-Comunidade de ZEGG, relativamente próximo de Berlim.

Na área da comunidade existia inicialmente uma floresta monocultural de pinheiros creio. Começaram então a solicitar aos serviços camarários da cidade que lhes fornecessem as folhas que apanhavam dos diversos jardins geridos pela autarquia. Aquilo que era visto como um “desperdício” começou na verdade e ser compreendido como um recurso de enorme valor.

O pedido foi acedido e começaram então a utilizar essas folhas … espalhando-as no bosque e outras usando para composto.

O que sucedeu foi que passados alguns anos nessa mesma floresta começou a surgir toda uma diversidade de espécies muito graças às sementes contidas nas folhas.

Sempre que vejo os recursos que os serviços camarários (e não só) investem diariamente para remover as folhas do chão … não sei se por motivos estéticos (o que acho uma pena porque acho tão mais belo o chão coberto de um manto de folhas e pequenos ramos), se por motivos culturais (porque já se faz assim há muitos anos), se por motivos de simples ignorância porque muitas pessoas acham que se o chão tem folhas é porque não é cuidado e está “sujo” … seja por que for … considero um tremendo desperdício de tempo e de recursos humanos em algo que ecologicamente me parece evidentemente um enorme equívoco … e penso … investe-se tanto tempo e recursos em algo que resulta num enorme empobrecimento do ecossistema ao mesmo tempo que existem imensos espaços, nomeadamente públicos, que carecem de um enorme tempo e investimento tendo em vista a sua recuperação, nomeadamente ecológica … sobretudo através da eliminação de espécies invasoras e remoção de resíduos da mais variada espécie.

Quando vejo a forma como trabalham os serviços camarários (e não só) só me ocorre como sabemos ler tão pouco … a Natureza. Como funcionam os ecossistemas … o que podemos e devemos fazer para a sua valorização, recuperação, regeneração.

E geração após gerações continuamos a fazer … merda. A prejudicar mais do que a beneficiar. Felizmente há excepções mas ainda continuam a ser demasiadamente isso: excepções.

Parece-me que seria fundamental os currículos educativos conterem uma disciplina de ecologia e cidadania … ou ecologia e estilo de vida … de forma a podermos aprender a ter um estilo de vida mais consciente, com muito menor impacto ecológico, mais integrado nas dinâmicas e equilíbrio dos ecossistemas … também de forma a podermos ter um papel cada vez mais benéfico nos ecossitemas …desde logo começando por deixar as folhas onde elas devem estar e onde têm uma função fundamental: no solo!


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Sessão sobre Relacionamentos Amorosos Conscientes (Evento de Beneficiência), 6ªfeira, 09 de Fevereiro de 2024, 19h00

  CONTEXTO: Os relacionamentos amorosos são, sem dúvida, um dos contextos literalmente mais apaixonantes da nossa existência mas, ao mesmo...