quinta-feira, 13 de maio de 2021

Partilha 4, (RE)NATURALIZAÇÃO do CONSUMO, 2021-05

 

 

COVID-19: A MELHOR CALAMIDADE que NOS PODERIA TER ACONTECIDO?”, EDIÇÃO e PUBLICAÇÃO do LIVRO


O livro é um veículo de comunicação ancestral e poderíamos também acrescentar … intemporal. Em vários momentos de evolução tecnológica foi vaticinado o “fim do livro” mas a verdade é que essa previsão – felizmente diria – nunca se concretizou, mesmo que determinados hábitos possam ter sido criados e novos formatos tenham surgido.


Assim o principal objectivo do livro COVID-19: A MELHOR CALAMIDADE que NOS PODERIA TER ACONTECIDO? é o de “oferecer” o seu contributo para uma reflexão individual e colectiva que, acredito convictamente, poderia e deveria estar a ser efectuada durante todo este “choque”. A certos níveis creio que ela está já a acontecer mas a outros parece-me que existe uma pressão excessiva para que se tente simplesmente regressar “ao normal”, ou o mais próximo disso que conseguirmos, quase como se nada se tivesse passado … ou não houvesse nada a aprender e sobretudo … a mudar.

O livro está distribuído por áreas temáticas que têm por objectivo incidir sobre aspectos e questões que toda a situação da Pandemia do COVID-19 e crise subsequente poderá ter tido, eventualmente, o efeito de tornar ainda mais evidente. Uma reflexão fundamental no sentido de perceber potenciais linhas de mudança.

Se tiveres alguma sugestão ou ideia de alguma forma em que possas colaborar/ajudar na publicação deste projecto fico-te desde já muito grato. Abraços


Pedro Jorge Pereira


E aqui segue a “partilha” deste mês:


Partilha 4, (RE)NATURALIZAÇÃO do CONSUMO, 2021-05

Intimamente associado ao aspecto do “materialismo” … o consumo adquire por si só uma importância fulcral em toda a lógica e dinâmica do sistema capitalista global. É um sistema em larga medida “louco” na medida em que o objectivo principal é o de produzir mais e mais … e de forma completamente obstinada …

É de certa forma paradoxal que haja um consumo exacerbado que vai muito para além de necessidades reais básicas. Ou seja, consome-se muito mais do que é necessário sendo que o próprio sistema produz por definição quantidades obscenas de desperdício. Então a questão não é só o consumir em excesso mas sim também uma pequena parte da população mundial consumir em excesso e gerar constantemente níveis inadmissíveis de desperdício quando a maior parte da população mundial não tem sequer o necessário para satisfazer as suas necessidades mais elementares de alimentação, vestuário e habitação. Por isso o acesso ao consumo encontra-se fortemente distorcido e os impactos ecológicos do mesmo são também brutais.

Há por um lado um consumo desenfreado de recursos naturais, que tem levado a uma escala sem precedentes de destruição ambiental.

Por outro lado há uma produção que podemos classificar como catastrófica de resíduos que acabam, porventura na maior parte dos casos, por poluir os ecossistemas naturais … causando inclusive a morte directa ou indirecta de milhões de animais selvagens.

Então um dos impactos mais imediatos da Pandemia de Covid-19 foi o de, pelo menos por um certo período de tempo, ter levado à redução forçada dos níveis de consumo e impactos do mesmo. Não obstante ter originado contudo um aumento da utilização de produtos ditos descartáveis.


Algumas das principais ilações a retirar / principais potenciais de mudança.

Apesar de constituir uma pedra basilar do sistema neoliberal global, em que há uma completa deturpação do propósito primordial da produção: satisfazer necessidades realmente essenciais, para uma realidade em que existe toda uma indústria cujo principal propósito é o de produzir uma constante criação e amplificação de necessidades não tangíveis, o consum(ism)o tem que ser assumido como uma degenerescência que apesar de prover aos interesses capitalistas globais é, actualmente, um dos principais factores de exploração laboral e destruição ecológica.

Dito por outras palavras: o consumismo acaba actualmente por se constituir como um cancro que precisa de ser extraído se quisermos voltar a ter uma sociedade e uma lógica de consumo verdadeiramente saudável.

Claro que há ainda uma outra vertente que se relaciona com o facto do “consumismo” funcionar como um forte factor de alienação e “entretenimento” … que se inscreve num projecto ideológico neoliberal de orientar as massas e os indivíduos para esse propósito existencial de consumir … consumir torna-se mais numa finalidade existencial do que propriamente numa actividade alicerçada em necessidades reais. As pessoas investem tempo, recursos, energia no propósito de ir às compras nas grandes superfícies de consumo ou através das plataformas virtuais e, dessa forma, não questionam nem tentam modificar a lógica do sistema dominante. Na verdade enquanto os objectivos de vida se inscrevem no propósito primordial do consumo as pessoas não “perdem tempo” a pensar em questões verdadeiramente profundas e em formas de modificar o sistema dominante. Por outras palavras: tornam-se em consumidores submissos e obedientes … que não pensam (pelo menos muito), não criticam e, acima de tudo … compram, compram e compram.


1 – Urge pois reconsiderar a nossa escala de necessidades e valores, assim como tentar perceber até que ponto faz ou não sentido participarmos de forma tão desenfreada no sistema de consumo capitalista e, na medida do que for possível, e na medida das alternativas que conseguirmos ir encontrando, optar por uma maior valorização de valores realmente fundamentais do que propriamente pela aquisição inconsciente de bens materiais cuja felicidade proporcionada é profundamente efémera e até ilusória.

2 – Optar por sistemas cooperativos e comunitários de consumo. Também de habitação.

Um dos principais problemas em todo o sistema de produção e consumo prende-se com o facto da generalidade do processo, nas suas diferentes fases, ser monopolizado por grandes grupos multinacionais … o que se traduz numa grave limitação de escolhas por exemplo para os pequenos produtores … que perdem canais de escoamento e um contacto mais directo com o consumidor. Urge caminhar precisamente nesse sentido … de uma maior proximidade entre o produtor e consumidor… o que valida modelos como por exemplo o da agricultura de proximidade …

3 – Readquirir competências, ou apoiar projectos que o façam, ao nível da recuperação de determinados objectos que possam ter perdido valor na cadeia de consumo e optar sobretudo, sempre que possível, pela reparação e recuperação de objectos promovendo aquilo que se designa pela própria economia circular, evitando ou pelo menos reduzindo a aquisição constante de novos produtos.


Na verdade um longo período de tempo sem acesso a muitos dos locais de consum(ism)o habituais, com destaque para os shoppings, com a maior parte das lojas encerradas, muitos de nós acabamos por (re)descobrir que podemos viver sem um consum(ism)o desenfreado e encontrar valor e até um significado existencial mais profundo em passar tempo com aqueles que fazem parte do nosso núcleo familiar, a ler … etc.

Ou seja, se calhar muitos de nós tivemos a oportunidade de perceber que na verdade não precisamente assim de tantos bens materiais para sermos verdadeiramente felizes.

Por outro lado há também a oportunidade de desconstruir um certo mito de um constante ”produtivismo” … de termos que estar sempre a produzir algo … mas a questão é porquê e para quem? É mais importante a quantidade daquilo que produzimos ou a qualidade daquilo que produzimos na perspectiva de ser verdadeiramente útil e relevante para a sociedade?

De facto podemos viver sem uma grande parte das coisas que pensamos que precisamos. Ou que nos induzem a pensar que precisamos. Ou que nos induzem a “precisar”. E existe toda uma indústria orientada para esse propósito. E desenvolveram todo um conjunto de técnicas com esse intuito.

Nessa perspectiva é fundamental efectuarmos um exercício cada vez mais profundo e consciente de questionamento relativamente àquilo que é ou não essencial ou sequer relevante para o nosso verdadeiro bem estar.



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