quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

Da automação da sociedade / 2022-01-19

 

Na nossa sociedade prevalece o mito da automação. O mito de que um dia todas as tarefas e trabalhos humanos irão ser executados por máquinas. Um dos argumentos mais utilizados para legitimar esse quase dogma é o da chamada libertação do Homem... o de que liberto que este esteja, pelas "máquinas", das tarefas laborais poderá então dedicar-se ao lazer. Parece-me que esse mito é isso mesmo: um mito! Uma maior automação da sociedade libertou de facto a espécie humana de algumas tarefas aborrecidas mas não trouxe a maior disponibilidade e tempo de lazer em família que anunciava... Muito menos tornou o sistema laboral mais justo e equilibrado. Melhor para a maior parte dos seres humanos. Por essas e por outras tenho muitas reservas e até resistência em relação à automação e por isso praticamente nunca vou para aquelas filas "self-service" do supermercado e várias vezes, quando abasteço a gasolina no carro, procuro um dos poucos postos onde o serviço é disponibilizado... por um ser humano. Neste caso as empresas de combustíveis nem sequer substituíram um posto de trabalho executado por um ser humano por uma máquina mas sim... pelos clientes... que passaram a ter que executar um serviço que era prestado por um trabalhador pago para esse efeito. Quem beneficiou? O cliente não foi certamente. 

Um dia todas as tarefas serão executadas por máquinas? Um dia as máquinas irão substituir completamente a humanidade? Por muito perfeitamente que executem as funções para as quais foram concebidas acredito que pelo menos num aspecto ficarão aquém: no de ser humanas. E com quem gostarias mais ter "dois dedos de conversa"... com uma máquina ou com um ser humano? Mesmo com os seus defeitos... e é também essa a diferença entre uma máquina e um ser humano... uma máquina praticamente não deixa margem para nos surpreendermos com quem vamos encontrar... é tudo calculado, previsível, algorítmico. É mesmo nesse mundo que queremos viver?

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domingo, 16 de janeiro de 2022

da solidão / 2022-01-15


 

da solidão / 2022-01-15


Diz-se que “somos todxs um”, que todos fazemos parte da mesma consciência universal. Talvez. Também “somos todxs um”. Uma consciência una, individual, particular. É essa particularidade, ou essas particularidades, que tornam esse processo dito vida tão … singular.

A vida faz-se também de muitas partidas. É um processo dinâmico … em constante movimento, por muito que muitas vezes entre a nossa capacidade de percepção desses movimentos e a velocidade a que eles ocorrem, exista um desfasamento considerável.

A vida é um processo de muitas partidas. Muitas partidas de tantos “eus” que vão ficando pelos caminhos que percorremos. Morremos e nascemos a cada instante.

É também um processo de muitas partidas “dos outros”. Partida de seres que compõem o nosso universo afectivo e referencial.

Partidas que nos enchem de um tremendo vazio muitas vezes. Um vazio que nos ensina o quanto de nós se preenchia desse “outro”.

Em primeira e última instância a vida ensina-nos, com maior ou menor dificuldade, de forma mais ou menos dolorosa, a estarmos “sós” …

Há diferença entre estarmos sós e estarmos sozinhos? Entre estarmos sós e estarmos em solidão?

Talvez só quando aprendemos a estar plenamente sós temos o coração aberto para poder estar com os outros … e no entanto … há aprendizagens da vida que levam .. .toda uma vida.

Até lá, vamos aprendendo, vamos tentando, vamos errando … vamos aprendendo vezes sem conta de forma bem inexorável.

Quanto tempo vai um ser ficar na nossa vida? E que importância irá ter para nós e para ele? E quanto o iremos amar e ser por eles amado? Verdadeiramente? O amor pode ser quantificado?

No final de contas … a vida é feita de dolorosas subtrações que nos ensinam que nunca possuímos verdadeiramente nada … e por isso mesmo cada dádiva, cada presença, cada ser que nos toca verdadeira e profundamente é um benção … que dura o que durar … e que olhar a eternidade é como olhar as nuvens no céu em constante devaneio.

Talvez não devéssemos temer estar sós … pelo contrário … talvez devéssemos aceitar essa visita dos tantos “eus” que nos compõem, ou não, com a mesma hospitalidade da visita dos que nos vêm tocar, abanar, fazer tremer … enquanto ficarem.

Há seres que nos deixam tremendos vazios sulcados no coração … talvez insubstituíveis na nossa efémera ilusão de eternidade …

E também eles são Mestre que nos relembram dessa lição … dessa lição de que nunca estarmos verdadeiramente sós … se soubermos estar verdadeiramente com nós próprios. Quando estamos verdadeiramente sós … como nós mesmos. E no vislumbre de alguma vez alcançarmos essa compreensão … estaremos prontos. Talvez. 

 

PJP  


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  CONTEXTO: Os relacionamentos amorosos são, sem dúvida, um dos contextos literalmente mais apaixonantes da nossa existência mas, ao mesmo...