segunda-feira, 24 de outubro de 2022

Transitando2022 ou 108 Ideias fundamentais para um nova sociedade: Partilha 9, ECOLOGIA das EPIDEMIAS, 2022-10


ECOLOGIA das EPIDEMIAS

As ditas epidemias são uma realidade paralela à própria história da civilização. Na verdade estão muito longe de constituir um fenómeno exclusivo só da espécie humana. Do ponto de vista ecológico e tão “duro” como possa soar a verdade é que funcionam também como um mecanismo de regulação das espécies. Ou seja, entre outros, constituem um mecanismo de controlo populacional quando uma determinada espécie ultrapassa o número de indivíduos ecológicamente sustentável ou simplesmente viável.

Ao longo da história tem sido na verdade um dos principais “mecanismos” de regulação populacional de origem, digamos, natural. Claro que existem outros … os próprios factores climáticos influem em larga medida quer de forma directa quer de forma indirecta por exemplo na forma como se repercutem na produção alimentar.

Existem também outros factores de origem humana como por exemplo as guerras.

Ao longo dos séculos com os avanços científicos, em particular na área da medicina, assim como devido à melhoria generalizada das condições de vida e higiene a magnitude e impacto das epidemias, pelo menos nos países ditos mais desenvolvidos, tem vindo a diminuir de forma bastante considerável.

Na verdade é precisamente nos países/locais onde as condições de vida/higiene são piores que se verificam ainda epidemias de proporções verdadeiramente dramáticas. Por vezes epidemias de doenças há já muito tempo erradicadas no chamado “1º mundo”.

Não obstante podemos afirmar de forma genérica que ao termos tido a capacidade de controlar a dimensão e impacto das epidemias suprimimos também uma mecanismo “natural” de regulação populacional.

Um dos aspectos que nos define como espécie é essa susceptibilidade de protegermos os “mais fracos”. Num processo de selecção natural os mais fortes prevalecem e os mais fracos são tendencialmente os primeiros a ser eliminados por exemplo numa situação de epidemia.

Dito isto podemos pois afirmar que faz parte da nossa consciência enquanto espécie zelarmos pelos “mais fracos”. Claro que em muitos contextos não é isso que acontece. No sistema capitalista global os mais fracos acabam muitas vezes, por exemplo, por ser segregados do ponto de vista social e económico. Mesmo que em muitos casos não seja uma “eliminação” física (por vezes acaba também por ser) é uma eliminação das condições e direitos mínimos de subsistência económica. Ou seja, o poder económico acaba por ser um mecanismo de selecção aplicado pelo sistema económico e cultural capitalista. Obviamente é um mecanismos completamente “deturpado” dado que não favorece exactamente o “mais forte” mas sim aquele que possui condições mais favoráveis.

Voltando à questão das epidemias “naturais” … evidentemente que está fora de questão optar por deixar as epidemias produzir o seu efeito “natural” … mas a grande questão que surge é então … que mecanismos persistem então de controlo populacional?

Bem … nas sociedades onde existem maiores níveis de educação e também maior qualidade de vida, mais bem-estar em termos de indicadores socio-económicos, as pessoas tendem a ter uma quantidade mais reduzida, limitada de filhos. Em geral é na verdade nas sociedades onde existe maior pobreza e também menores índices educativos que os casais tendem a ter e a querer ter maior número de filhos. Muitas vezes numa perspectiva dos filhos como “mão-de-obra” e sustento para a própria família.

Nessa perspectiva parece-me que a o foco principal deveria ser o de permitir e contribuir para que os países ditos sub-desenvolvidos possuam melhores condições para proporcionar um maior bem-estar aos seus cidadãos. Na prática vezes sem conta acontece o oposto... os países ditos “sub-desenvolvidos” encontram-se asfixiados por mecanismos de dependência e controlo económico relativamente aos países mais ricos. Muitas vezes uma parte muito substancial da riqueza gerada pela sua economia destina-se a pagar juros de dívidas cujos termos podem ser muito obscuros.

Em suma, não pretendo efectuar uma apologia a deixar as epidemias propagar-se como mecanismo de controlo populacional, natural e útil no sentido de estabelecer o equilíbrio dos sistemas ecológicos. É somente a questão/chamada de atenção para termos noção de que esse mecanismo é “relativamente natural”, daí tentarmos relativizar-lo um pouco e, por outro lado, ter presente que é importante desenvolver estratégias que possam contribuir para um equilíbrio populacional. Estratégias que e meu ver passam sem dúvida por mecanismos mais coerentes e desenvolvidos de solidariedade internacional … o que se torna especialmente complicado no actual contexto considerando que vivemos no sistema em que vivemos e onde os interesses instalados radicam o seu poder na exploração e até espoliação dos outros povos e nações. Daí que surjam também amiúde teorias algo horripilantes de apologia (como sendo algo de positivo) por exemplo às catástrofes naturais e a outros fenómenos (como as próprias epidemias) com impacto na redução da população.

Um aspecto que creio da maior importância no que diz à “Ecologia das Epidemias” prende-se, de uma forma mais global, com o nosso próprio estilo de vida. A verdade é que tendencialmente a industrialização e a concentração da população em grandes aglomerados populacionais, nas grandes cidades, tem-se traduzido também numa perda generalizada de qualidade de vida e em estilos de vida que se podem considerar menos saudáveis. Dessa forma pode-se dizer que se tem traduzido também, de uma forma geral, na criação de condições mais propícias ao surgimento de epidemias e ao impacto destas ser potencialmente maior. Creio que se há um padrão que pode ser claramente identificado é o de as epidemias atingirem predominantemente os grandes centros urbanos onde as condições de vida, desde logo por um menor contacto com o meio natural, são habitualmente piores. Por outro lado a realidade é que uma concentração elevada ou, se quisermos até, excessiva tende a contribuir para aumentar em larga medida as probabilidades de contágio.

Claro que este é um aspecto muito complexo porque também podemos discutir o conceito de cidade que temos ou não. A realidade é que o próprio conceito de cidade que temos pode ser profundamente alterado e acrescentaria … melhorado.

Melhorar por exemplo para um conceito com menor densidade de construção e um maior equilíbrio entre espaço impermeabilizado/artificializado e espaços verdes por exemplo … nomeadamente espaços produtivos como hortas urbanas.

As cidades podem (e devem) ser sem qualquer dúvida habitats mais “naturalizados”.



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