quarta-feira, 11 de maio de 2022

"Transitando2022 ou 108 Ideias fundamentais para um nova sociedade”, Partilha 8, AUTO-PRODUÇÃO, 2022-05

 

Do meu ponto de vista, um aspecto que se encontra de alguma forma associado à questão da economia circular é o da auto-produção. Se é fundamental repensar em todo o processo produtivo nomeadamente em termos de inteligência na utilização e reaproveitamento de recursos, acrescentaria que é possível ir ainda mais longe e até diminuir os níveis de produção industrial. Um ponto crucial é efectivamente o da redução dos níveis de produção e consumo mas, para além disso, parece-me que é fundamental reduzir a dependência em relação ao sistema produtivo industrial. Dito por outras palavras … há toda uma infinidade de produtos/bens que podem ser produzidos de forma caseira … A aceleração dos processos de industrialização veio limitar fortemente esse género de práticas e conhecimentos de auto-produção. A auto-produção acabava por ser extremamente natural e comum. Fosse por razões de ordem geográfica (de algum isolamento), fosse por razões de ordem económica (pouco poder económico para aquisição de produtos de produção industrial por assim dizer) ou fosse até porque razões de ordem “natural” … na medida em que auto-produzir esses bens/produtos era simplesmente aquilo que seria mais natural … ou também porque simplesmente não existia ainda a produção industrial desses bens.

Claro que provavelmente será utópico conceber um retorno a essa realidade … no entanto em muitos casos estou convicto de que é possível recuperar, voltar a dinamizar e até apoiar esse género de dinâmicas de auto-produção desde logo ao nível daquilo que é mais elementar: a produção agrícola. Também é importante referir que principalmente as grandes empresas que controlam o aparelho produtivo tendem a ver essa auto-produção como uma ameaça ao seu poder: quanto menos as pessoas consumirem e necessitarem dos seus produtos menor será naturalmente o seu lucro … pelo que há que recorrer a todos os recursos possíveis para manter as pessoas dependentes das grandes empresas.

A nossa dependência face a esse aparelho produtivo industrial cresceu de uma forma incomensurável, ao ponto de hoje em dia já não nos sentirmos capacitados para produzir quase nada. Isso acaba por nos conduzir à questão da partilha: Quanto maior for a partilha desses conhecimentos e práticas auto-produtivas mais fácil será o acesso às mesmas assim como a adopção das mesmas… e quanto mais pessoas estiverem activamente envolvidas nesse processo maiores serão as possibilidades de sucesso dessas iniciativas, sobretudo pela vertente da experimentação e da dinâmica de troca de conhecimento(s).

Claro que isso também nos conduz à questão das “manualidades” … a verdade é que de uma forma geral o próprio sistema de ensino é também muito pouco orientado para o desenvolvimento desse género de conhecimentos manuais por assim dizer. Suponho que isso se prende com uma tendência para privilegiar o conhecimento dito científico ou académico convencional e muito pouco outros género de conhecimentos que a certos níveis poderíamos classificar como mais informais.

No entanto, o artesanato constituí naturalmente uma dimensão fundamental da nossa identidade e cultura pelo que deveria ser apoiado de forma mais determinada e efectiva.

Mas para além disso possui um valor prático que poderá colmatar falhas e limitações inerentes ao processo industrial … desde logo a escala de produção … isto porque ao nível de muitos produtos a verdade é que a produção é claramente excessiva...

Isto não significa que todos nos tornemos artesãos mas tão somente que talvez exista no actual contexto uma oportunidade muito importante de mudança aos mais variados níveis e esta poderá ser precisamente uma delas.

Na verdade, como já foi referido em diversos pontos anteriores, nomeadamente naqueles relativos à REVITALIZAÇÃO da “ECONOMIA REAL” e da REVITALIZAÇÃO do SECTOR PRIMÁRIO, tendo a acreditar que está a acontecer uma certa falência do processo industrial convencional … para além da excessiva “tercealização” da sociedade … pelo que há importantes ajustamentos que terão que acontecer a esse nível … e esse, o da absoluta urgência de voltar a ter efectivamente um sector primário forte e produtivo é um dos que me parecem mais inequívocos. Em especial se nos estivermos a referir à produção alimentar.

Mas ao referir-me a auto-produção nem estou tanto a referir-me necessariamente à revitalização de ofícios tradicionais mas até mais a muitas práticas e conhecimento possíveis de desenvolver a nível doméstico. Na verdade há já muitas pessoas que o fazem e a certos níveis pode-se quase falar até de uma espécie de “movimento” … Os exemplos são muitos e variados pelo que não tenho aqui a pretensão a proceder a uma listagem exaustiva dos mesmos … mas um dos mais relevantes é precisamente aquele que se prende com a criação e desenvolvimento de hortas urbanas.


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Sessão sobre Relacionamentos Amorosos Conscientes (Evento de Beneficiência), 6ªfeira, 09 de Fevereiro de 2024, 19h00

  CONTEXTO: Os relacionamentos amorosos são, sem dúvida, um dos contextos literalmente mais apaixonantes da nossa existência mas, ao mesmo...