segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

sentires ...


Por vezes as circunstâncias da vida não precisam necessariamente de “fazer sentido” mas sim, sobretudo, de “fazer sentir”.

PJP, 24 de Fevereiro de 2019

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Sobre o Amor ou algo assim …



Haverá algo mais ambicioso do que pretender escrever sobre o Amor?
Sim, o Amor, talvez um dos sentimentos (pode-se definir o Amor simplesmente como um sentimento?) mais poderosos… ou talvez, “o” sentimento mais poderoso que existe.

Por Amor desenrolam-se dramas, aventuras, romances e, quase me atreveria a dizer, é em torno dele que gira em larga medida a nossa existência …
É simplesmente avassaladora a forma como o Amor é susceptível de “mexer” connosco aos mais variados níveis…

Mas a principal questão que se coloca é: será que quando falamos de Amor estamos a falar verdadeiramente de Amor?

Há certos aspectos em tudo aquilo que nos dizem sobre o Amor que me “fazem pensar”…
Em primeiro lugar acredito que há uma diferença muito considerável entre Amor e paixão A paixão é impulsiva (e muitas vezes explosiva) e pode levar, de alguma forma, ao desenvolvimento de uma relação amorosa…ou seja, creio que a paixão poderá evoluir para se tornar em algo mais profundo como…o Amor. Ou não…
Portanto, muito mais do que algo que se sente de forma intrínseca, o Amor é um processo que se desenvolve algo que se alimentado e cuidado poderá conduzir, gradualmente, a esse sentimento tão profundo, quase transcendente …
Ainda assim confesso a minha tremenda impotência perante tão hérculea tarefa como a de definir isso do que é o Amor …

Talvez o mais fácil e lógico seja definir o Amor através da definição daquilo que, creio, não é o Amor.

Quando algum dos elementos envolvidos numa relação dita amorosa sente que deve terminar a relação porque é o que faz mais sentido para a sua vida - ou seja porque outro motivo for - frequentemente a reacção do outro elemento é de… ódio … ou seja, supostamente existe um Amor enorme mas quando alguém decide que o melhor para si é o de prosseguir o seu próprio caminho então esse dito Amor transforma-se em ódio … A questão que se coloca é se a pessoa que agora odeia a outra, alguma vez a terá amado verdadeiramente? Pode-se chamar Amor a algo tão condicionado pela forma como a outra pessoa age ou não em função daquilo que achamos que é melhor para nós…não respeitando necessariamente aquilo que é melhor para ele/ela?

Ou seja, parece que só amamos a outra pessoa se ela nos amar da forma que nós queremos e não necessariamente da forma que é mais autêntica e verdadeira para ela … isso é Amor verdadeiro?
Pessoalmente tendo a acreditar que o conceito que mais se aproxima e interelaciona com o Amor é … o de Liberdade. Amor é a liberdade de aprender, caminhar e viver numa parceria amorosa … enquanto ambos/ambas quiserem muito, muito mesmo talvez … e uma relação amorosa verdadeira e profunda tem necessariamente que nascer de uma forte motivação para conhecer, aprender, estudar, contemplar @ outr@ … e aceitá-l@ em toda a sua autenticidade e essência … se não formos capazes de amar aquilo que @ outr@ verdadeiramente é então a questão que se coloca é se estaremos a amar verdadeiramente @ @utro ou a amar aquilo que queremos que @ outr@ seja? Porque supostamente é aquilo que se coaduna melhor com as nossas expectativas e desejos…

Resumindo e concluindo … estou convicto de que existe uma enorme confusão sobre o conceito de Amor. Posse, dependência, ciúme e até o ódio são, paradoxalmente, habitualmente confundidos com o que é verdadeiramente o Amor. O que é evidentemente um enorme equívoco e, diria até, um profundo desconhecimento.

Mas na verdade este artigo não era para ser necessariamente de forma tão específica sobre o Amor. Surgiu da intenção de escrever mais em concreto sobre a moda dos cadeados nas pontes (e não só).

Desde há alguns anos para cá virou moda os casais de namorados colocarem um cadeado, com os nomes de ambos os parceiros gravados, preso às grades de uma ponte. Suponho que a moda terá começado, ou pelo menos será o local mais conhecido, em Paris, numa das “românticas” pontes sobre o Sena.
O simbolismo da ponte como algo que une duas margens é evidente, e até tem “a sua piada” … o simbolismo do cadeado suponho, que também será mais ou menos óbvio: é o da união, uma união vitalícia, eterna e irreversível... já que, pelo que sei, faz também parte da tradição atirar as chaves do cadeado ao rio.

Para além do óbvio prejuízo ambiental da questão, questiono-me: mas porquê atirar as chaves ao rio? Porque o Amor tem que ser visto como algo vitalício? O Amor até pode ser … mas uma relação não tem que o ser só “porque sim”. Porque as pessoas casam-se e é suposto serem felizes para sempre. Mas isso não só não acontece sempre como tantas e tantas vezes sucede precisamente o oposto: em prol da “obrigatoriedade” de permanecerem junt@s porque têm um vínculo mais ou menos matrimonial, a realidade é que muitas pessoas contribuem grandemente para se fazerem reciprocamente infelizes …

A vida é profundamente dinâmica e constantemente em mudança. Enquanto indivíduos experimentamos igualmente muitas mudanças ao longo da vida. Então pode acontecer que essas vivências, descobertas, aprendizagens, vicissitudes operem em nós alterações de padrões de pensamento, visões, valores, propósitos, etc. E essas mudanças podem levar a um afastamento e desfasamento / incompatibilidade naquilo que são os propósitos e valores de duas pessoas … e pode perfeitamente acontecer, e acontece frequentemente, que uma pessoa esteja a constituir mais um obstáculo naquilo que outra quer ser e fazer do que propriamente o contrário.
Se, após todas essas vicissitudes, ambas as pessoas se continuam a sentir perfeitamente felizes junt@s, óptimo. Se continua a existir um propósito mais amplo de crescimento e aprendizagem, excelente. Mas se isso deixa de acontecer então porquê persistir em prolongar algo que deixou a vários níveis de “fazer sentido”?
O cadeado, a meu ver, é um símbolo perfeito de algo que se quer “petrificar”, aprisionar…algo contrário, portanto, à própria essência do Amor e até da própria vida. Para além de que sendo algo que representa um “aprisionamento” é oposto, a meu ver, à mais pura e profunda essência do Amor: a Liberdade.

Então em vez da “modinha dos cadeados” talvez fosse interessante os namorados, os amantes, optarem por símbolos de união mais criativos. E aproveito o balanço até para deixar uma sugestão: porque não plantar uma árvore (ou muitas árvores) autóctones em conjunto? Um dia, quem sabe, essa árvore irá crescer e ser um bonito símbolo daquilo que foi ou é a união da vida de duas pessoas. E mesmo que essas pessoas, por alguma razão, não permaneçam juntas enquanto “casal” dessa relação terá resultado algo verdadeiramente útil e belo … para a vida das pessoas (uma relação é sempre um contexto extraordinário de potencial aprendizagem) e para a Natureza também. Convém evitar, no caso de entretanto estarem envolvid@s noutra relação, de fornecer a localização da árvore ao novo/ à nova parceir@ … isto porque os ciúmes são lixados e porque as árvores autóctones já têm inimigos que chegue.

Claro que os ciúmes, sendo um instinto algo básico, não deixa também de ser algo que geralmente constitui um enorme obstáculo a uma relação de profunda confiança e entrega. Ou seja, é normal sentirmos ciúmes mas se permitimos que eles se manifestem ostensivamente a tendência será a de ocuparem um espaço vital que, numa relação saudável, deveria propiciar outro género de aspectos, como a já referida confiança e liberdade.

Em relação à árvore plantada…é também normal sentirmos ciúmes d@s parceir@s anteriores d@ noss@ parceir@ actualmas a verdade é que, se não fosse ele/ela, @ noss@ parceir@ não seria aquilo que é hoje…e esse é um propósitos mais primordiais de uma relação: a aprendizagem, o confronto com as nossas próprias sombras e, claro, experienciarmos o Amor num dos estados mais belos e profundos que existem: no contexto de uma relação amorosa.
Isto tudo para dizer que devemos aprender a contemplar a árvore plantada pel@ nossa parceir@ e @ anterior parceir@ em toda a sua beleza e poesia. E por certo será sempre mais bela do que um cadeado, com dois nomes riscados, preso numa ponte.
A ideia da árvore é só uma sugestão entre muitas outras ideias e hipóteses para a demonstração de uma união de uma forma mais interessante e benéfica para o próprio planeta. A criatividade humana não tem limites … infelizmente a estupidez humana também não e, ainda a propósito das árvores, e ainda a propósito de “casalinhos”, não posso deixar de lançar um sentido apelo: por favor, parem com a estúpida tradição de riscar os nomes dos membros de um casal nos troncos das árvores … é que é uma tradição que consegue ser ainda mais estúpida do que a dos cadeados … quem contempla verdadeiramente uma árvore gosta de o fazer na plenitude da sua integridade e não com uns gatafunhos foleiros que nos informam de que o Quim ama a Milocas, em 17 do 04 de 2013. A sério Quim, a sério Milocas, a humanidade consegue passar bem sem essa informação e a árvore ainda melhor sem uns gatafunhos feiosos em jeito de tatuagem barata.

Está feito o apelomil e uma formas belas e profundas de manifestar o nosso Amor por alguéme todas elas são infinitamente mais inteligentes, puras e criativas do que um cadeado numa ponte.
Afinal de contas saber Amar é também isso: saber surpreender, saber ser criativ@ e encontrar várias formas de nutrir uma semente frágil mas orgânica. E muitas dessas formas podem ser bastante simples e simultaneamente profundamente valiosas e carregadas de significado.
Surpreendam e surpreendam-se, preferencialmente sem mais cadeados!


Pedro Jorge Pereira
14 de Fevereiro de 2019

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Correcção e Sugestões Ortográficas: Sofia Barradas

Sessão sobre Relacionamentos Amorosos Conscientes (Evento de Beneficiência), 6ªfeira, 09 de Fevereiro de 2024, 19h00

  CONTEXTO: Os relacionamentos amorosos são, sem dúvida, um dos contextos literalmente mais apaixonantes da nossa existência mas, ao mesmo...