segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

“COVID-19: A MELHOR CALAMIDADE que NOS PODERIA TER ACONTECIDO?” Partilha 7, BIOCENTRISMO, 2022-02

 

O principal objectivo do livro COVID-19: A MELHOR CALAMIDADE que NOS PODERIA TER ACONTECIDO? é o de “oferecer” o seu contributo para uma reflexão individual e colectiva que, acredito convictamente, poderia e deveria estar a ser efectuada.

A certos níveis creio que ela está já a acontecer mas a outros parece-me que existe uma pressão excessiva para que se tente simplesmente regressar “ao normal”, ou o mais próximo disso que conseguirmos, quase como se nada se tivesse passado … ou não houvesse nada a aprender e sobretudo … a mudar.

O livro está distribuído por áreas temáticas que têm por objectivo incidir sobre aspectos e questões que toda a situação da Pandemia do COVID-19 e crise subsequente poderá ter tido, eventualmente, o efeito de tornar ainda mais evidente. Uma reflexão fundamental no sentido de perceber potenciais linhas de mudança.

Se tiveres alguma sugestão ou ideia de alguma forma em que possas colaborar/ajudar na publicação deste projecto fico-te desde já muito grato. Abraços

Pedro Jorge Pereira

E aqui segue mais uma “partilha”:


COVID-19: A MELHOR CALAMIDADE que NOS PODERIA TER ACONTECIDO?”

Partilha 7, BIOCENTRISMO, 2022-02

 

BIOCENTRISMO

Intimamente associado a uma nova ética/paradigma encontra-se a forma como nós, enquanto espécie humana, olhamos para as outras espécies e para o próprio planeta no seu todo. Cingindo a análise particularmente ao chamado “Mundo Ocidental” … que de alguma forma tem vindo a liderar o processo de globalização … podemos afirmar com um grau elevado de segurança que a matriz dominante tem sido essencialmente antropocêntrica. Dito por outras palavras e seguindo um pensamento profundamente associado aos paradigmas religiosos dominantes, a espécie humana coloca-se a si mesma no centro da vida no Planeta Terra e assume possuir perante essa uma considerável superioridade ética e moral. Essa superioridade como que legitima a forma como esta se relaciona e explora as outras espécies … como as subjuga e submete a um inarrável grau de sofrimento e de exploração. E pode-se ainda afirmar que o faz de uma forma “industrial”. Ou seja, creio que não é arriscado afirmar que essa postura antropocêntrica é uma das principais razões que explicam o elevado grau de destruição dos ecossistemas naturais. Nesse aspecto creio que essa mesma cultura “ocidental” teria imenso a aprender com as chamadas culturas indígenas. É muito frequente quando observamos a forma de estar e ser dessas tribos confrontarmos-nos com uma postura filosófica completamente diferente, no sentido em que é muito mais frequente observamos uma matriz filosófica predominantemente biocêntrica e não antropocêntrico. A espécie humana mesmo que possua uma superioridade prática em relação às outras espécies, mesmo que exerça um certo nível de exploração, efectivamente coloca-se ou percepciona-se numa posição muito mais humilde e de muito maior respeito relativamente às outras espécies e ao ecossistema no seu todo. Tende a percepcionar-se como um filho da Mãe Natureza e não como o seu amo e senhor. Tende a percepcionar as outras espécies como que “irmãos” e em várias situações ocorrem por exemplo importantes rituais de agradecimento ao animal “irmão” que é abatido para alimentar os membros da tribo. Há também uma postura de muito maior humildade no sentido de não retirar de natureza mais do que o estritamente necessário. O que representa uma realidade completamente diferente da postura exacerbadamente “extractivista” no mundo industrial … em que praticamente não se concebem limites àquilo que se pode e deve retirar da Natureza … particularmente numa perspectiva de gerar um lucro constante e mais uma vez também numa óptica moral do “ser humano” estar aqui para controlar e dominar o planeta. Do ser humano ser superior a todas as outras espécies.

Na minha humilde opinião estou convicto de que dificilmente podemos esperar um mundo efectivamente diferente enquanto essa postura antropocêntrica de alguma forma prevalecer.

Podemos até acreditar que em função de todo a evolução tecnológica das últimas décadas a espécie humana se tornou dona e senhora do planeta … se tornou capaz de controlar toda a vida no planeta. Mesmo sendo inegável que vivemos possivelmente uma época sem precedentes … nomeadamente no que concerne à capacidade do ser humano em utilizar soluções tecnológicas para suplantar por exemplo os próprios limites e factores naturais … a verdade é que é uma ilusão acreditar que este transcendeu por completo esses limites … desde logo o da mortalidade. Podemos ter uma esperança média de vida em geral superior à dos nossos avós, bastante superior até mas … nem por isso deixarmos de viver numa condição eminentemente frágil face por exemplo à nossa própria mortalidade.

Para além disso quando observamos a magnitude de uma catástrofe natural … de um sismo, de um furacão, de um “tsunami”, da erupção de um vulcão … é verdade que devido aos avanços tecnológcos provavelmente o nível de destruição causado por qualquer uma dessas catástrofes tende a ser menor … mas nem por isso menos … catastrófico em muitos casos.

É ainda importante salientar que é muito subjectivo falar dos avanços tecnológicos da nossa civilização quando o acesso a essa mesma tecnologia é ainda tão díspar …

Há milhões de seres no nosso planeta que não têm acesso a bens, nomeadamente meios tecnológicos, que para nós parece do mais elementar direito.

A verdade é que imersos que estamos na nossa própria realidade, torna-se difícil projectarmos-nos de forma a conseguirmos compreender minimamente a realidade dos outros. E a verdade é que tantas e tantas vezes estamos longe, muito longe, de conseguir imaginar e projectarmos-nos no sentido de perceber sequer minimamente o que é estar no lugar desses seres.

Dito de outra forma, creio que não estou a proferir nenhuma heresia se afirmar que a muitos níveis no essencial somos verdadeiramente privilegiados.

E voltando à questão das catástrofes naturais e se calhar não tão “naturais”, se considerarmos que factores antropogénicos influem cada vez mais (nomeadamente no contexto das alterações climáticas), também a esse nível os impactos são muito diferentes e tão mais “catastróficos” quanto menores forem as condições operacionais e logísticas, tecnológicas também, desses países para responder a um cenário de crise. Para além das enormes disparidades que podem verificar-se e verificam-se efectivamente tantas e tantas vezes dentro de um mesmo país.

Então a verdade é que, em larga medida, continuamos a estar longe de conseguir controlar muitos factores e acontecimentos de ordem natural. Uma constação que poderia servir no mínimo para questionarmos a validade moral do pensamento antropocêntrico.

Talvez as coisas estejam efectivamente a mudar e comece a haver uma procura por parte de alguns indivíduos e pequenos grupos da nossa sociedade por uma matriz e particularmente por estilos de vida que no essencial estão muito mais alinhados com uma forma de ser e pensar biocêntrica do que propriamente com o pensamento/padrão antropocêntrico dominante … e parece-me que esse caminho é sem sombra de dúvida o que faz cada vez mais sentido.


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