segunda-feira, 14 de junho de 2021

“COVID-19: A MELHOR CALAMIDADE que NOS PODERIA TER ACONTECIDO?” Partilha 5, HABITAÇÃO COLECTIVA

 

 

O principal objectivo do livro COVID-19: A MELHOR CALAMIDADE que NOS PODERIA TER ACONTECIDO? é o de “oferecer” o seu contributo para uma reflexão individual e colectiva que, acredito convictamente, poderia e deveria estar a ser efectuada durante todo este “choque”. A certos níveis creio que ela está já a acontecer mas a outros parece-me que existe uma pressão excessiva para que se tente simplesmente regressar “ao normal”, ou o mais próximo disso que conseguirmos, quase como se nada se tivesse passado … ou não houvesse nada a aprender e sobretudo … a mudar.

O livro está distribuído por áreas temáticas que têm por objectivo incidir sobre aspectos e questões que toda a situação da Pandemia do COVID-19 e crise subsequente poderá ter tido, eventualmente, o efeito de tornar ainda mais evidente. Uma reflexão fundamental no sentido de perceber potenciais linhas de mudança.

Se tiveres alguma sugestão ou ideia de alguma forma em que possas colaborar/ajudar na publicação deste projecto fico-te desde já muito grato. Abraços

Pedro Jorge Pereira


E aqui segue a “partilha” deste mês:


Partilha 5, HABITAÇÃO COLECTIVA, 2021-06

Outras das questões fundamentais quando falamos de habitação prende-se com o modelo dominante de habitação individual. Claro que, mesmo aceitando essa realidade, é um conceito de habituação individual limitado … sobretudo se considerarmos que hoje em dia uma grande quantidade das pessoas, eventualmente até a maioria, vive em edifícios partilhados, condomínios. É certo que habitualmente tratasse de uma realidade “circunstancial” e que não deriva necessariamente da vontade e determinação das pessoas em partilharem, ainda que parcialmente, o edifício onde habitam com outras pessoas. No entanto, de forma mais ou menos voluntária, o facto é que o fazem. Aliás, o próprio conceito de “condomínio” radica num modelo de gestão e habitação que se pode considerar colectiva. Pelo menos na sua vertente mais directa que é a da gestão dos espaços e equipamentos colectivos de um determinado edifício ou urbanização.

Por isso quando se fala em modelos de habitação colectiva não se está a falar de algo extremamente abstracto ou “longínquo” mas de algo que, em boa verdade, é uma possibilidade mais “próxima” e viável do que numa primeira análise poderíamos pensar.

Creio então que uma das “revoluções” com maior potencial prende-se precisamente com uma mudança desse paradigma ainda dominante de habitação individual. Parece-me que a habitação colectiva “tencional”, sobretudo se considerarmos a tremenda margem de crescimento que possui, será cada vez mais uma realidade. Ainda que “marginal” mas … uma realidade.

Se analisarmos a própria história esse é o modelo de habitação e mesmo organização social mais primordial e diria até … natural. Na história da humanidade o indivíduo evoluiu integrado em comunidades. Eventualmente em pequenos núcleos habitacionais que foram crescendo ao longo da história com especial ênfase no período pós Revolução Industrial, que de certa maneira deu origem às “grandes metrópoles”. Apesar de no período antecedente haver já alguns aglomerados populacionais que se poderia considerar como correspondendo a esse conceito. No entanto não constituíam a maioria, bem pelo contrário.

Do ponto de vista da inteligência na utilização e economia de recursos a habitação colectiva é de enorme pertinência e em certa medida pode-se afirmar que é o modelo que em boa verdade faz efectivamente “sentido”. Ou pelo menos mais sentido. Chegados a este ponto mais uma vez temos que referir como aspecto chave de referência o conceito do “individualismo” capitalista. A ideia de que cada um tem que ter um certo conjunto de bens e objectos como elemento de afirmação social é evidentemente de uma enorme ineficiência e até estupidez na utilização desses bens e objectivos.

Porque é que cada um tem que ter uma televisão, um carro, isto e mais aquilo?

Para além do elevado custo económico inerente à aquisição e manutenção desses objectos e equipamentos há evidentemente o elevado custo ecológico. O impacto ecológico sobre os ecossistemas naturais é brutal e simplesmente incomportável se todos os habitantes do planeta aspirarem a possuir esse conjunto de objectos e bens …

Um exemplo muito claro disso é o do próprio veículo automóvel … já que a tantos níveis possuí uim brutal impacto ecológico.

Assim sendo faz cada vez mais sentido o desenvolvimento e colocação em prática de modelos de partilha e utilização colectiva. Mesmo de equipamentos cuja utilização colectiva parece à partida mais difícil como o veículo automóvel.

Claro que um das principais questões que se coloca é a das eventuais dificuldades, ou melhor, prováveis dificuldades em conseguir desenvolver relações harmoniosas com outras pessoas sendo o grau de “implicação” tão elevado, estando-nos a referir à partilha do próprio espaço doméstico. O facto de ser difícil, ou o facto de ter uma implicação tão elevada, em nada inviabiliza essa hipótese. Na verdade podemos até afirmar que esse processo de desenvolvimento de relações e dinâmicas de relacionamento social, gestão de conflitos, etc. tem também um tremendo potencial de crescimento pessoal e colectivo. É um processo que se torna tão mais “orgânico” quanto maior for o número de casos e exemplos que demonstrem de uma forma concreta como é que se pode viver efectivamente em comunidade.

É também importante referir que eventualmente não existe “um modelo” de habitação colectiva mas sim dezenas, senão mesmo centenas de modelos possíveis. Cada um deles com um diferente nível de “implicação”. Pode ir desde modelos que efectivamente pouco diferem de um “normal” condomínio a situações de vida e partilha profundamente “comunitárias” ou se quisermos (apesar da conotação “pesada” que foi atribuída a essa designação pela forma como foi usado pelos regimes totalitaristas ditos socialistas) … comunistas. Onde praticamente todos os bens são utilizados de forma colectiva. Não há um modelo certo ou um modelo errado … existem muitos modelos possíveis ajustados à realidade concreta de cada grupo que decide viver de forma colectiva ou se preferirmos … comunitária.



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