domingo, 16 de janeiro de 2022

da solidão / 2022-01-15


 

da solidão / 2022-01-15


Diz-se que “somos todxs um”, que todos fazemos parte da mesma consciência universal. Talvez. Também “somos todxs um”. Uma consciência una, individual, particular. É essa particularidade, ou essas particularidades, que tornam esse processo dito vida tão … singular.

A vida faz-se também de muitas partidas. É um processo dinâmico … em constante movimento, por muito que muitas vezes entre a nossa capacidade de percepção desses movimentos e a velocidade a que eles ocorrem, exista um desfasamento considerável.

A vida é um processo de muitas partidas. Muitas partidas de tantos “eus” que vão ficando pelos caminhos que percorremos. Morremos e nascemos a cada instante.

É também um processo de muitas partidas “dos outros”. Partida de seres que compõem o nosso universo afectivo e referencial.

Partidas que nos enchem de um tremendo vazio muitas vezes. Um vazio que nos ensina o quanto de nós se preenchia desse “outro”.

Em primeira e última instância a vida ensina-nos, com maior ou menor dificuldade, de forma mais ou menos dolorosa, a estarmos “sós” …

Há diferença entre estarmos sós e estarmos sozinhos? Entre estarmos sós e estarmos em solidão?

Talvez só quando aprendemos a estar plenamente sós temos o coração aberto para poder estar com os outros … e no entanto … há aprendizagens da vida que levam .. .toda uma vida.

Até lá, vamos aprendendo, vamos tentando, vamos errando … vamos aprendendo vezes sem conta de forma bem inexorável.

Quanto tempo vai um ser ficar na nossa vida? E que importância irá ter para nós e para ele? E quanto o iremos amar e ser por eles amado? Verdadeiramente? O amor pode ser quantificado?

No final de contas … a vida é feita de dolorosas subtrações que nos ensinam que nunca possuímos verdadeiramente nada … e por isso mesmo cada dádiva, cada presença, cada ser que nos toca verdadeira e profundamente é um benção … que dura o que durar … e que olhar a eternidade é como olhar as nuvens no céu em constante devaneio.

Talvez não devéssemos temer estar sós … pelo contrário … talvez devéssemos aceitar essa visita dos tantos “eus” que nos compõem, ou não, com a mesma hospitalidade da visita dos que nos vêm tocar, abanar, fazer tremer … enquanto ficarem.

Há seres que nos deixam tremendos vazios sulcados no coração … talvez insubstituíveis na nossa efémera ilusão de eternidade …

E também eles são Mestre que nos relembram dessa lição … dessa lição de que nunca estarmos verdadeiramente sós … se soubermos estar verdadeiramente com nós próprios. Quando estamos verdadeiramente sós … como nós mesmos. E no vislumbre de alguma vez alcançarmos essa compreensão … estaremos prontos. Talvez. 

 

PJP  


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