O
principal objectivo do livro COVID-19: A MELHOR CALAMIDADE que NOS
PODERIA TER ACONTECIDO? é o de “oferecer” o seu contributo
para uma reflexão individual e colectiva que, acredito
convictamente, poderia e deveria estar a ser efectuada.
A
certos níveis creio que ela está já a acontecer mas a outros
parece-me que existe uma pressão excessiva para que se tente
simplesmente regressar “ao normal”, ou o mais próximo disso que
conseguirmos, quase como se nada se tivesse passado … ou não
houvesse nada a aprender e sobretudo … a mudar.
O
livro está distribuído por áreas temáticas que têm por objectivo
incidir sobre aspectos e questões que toda a situação da Pandemia
do COVID-19
e crise subsequente poderá ter tido, eventualmente, o efeito de
tornar ainda mais evidente. Uma reflexão fundamental no sentido de
perceber potenciais linhas de mudança.
Se
tiveres alguma sugestão ou ideia de alguma forma em que possas
colaborar/ajudar na publicação deste projecto fico-te desde já
muito grato. Abraços
Pedro
Jorge Pereira
E
aqui segue mais uma “partilha”:
“COVID-19:
A MELHOR CALAMIDADE que NOS PODERIA TER ACONTECIDO?”
Partilha
7, BIOCENTRISMO, 2022-02
BIOCENTRISMO
Intimamente
associado a uma nova ética/paradigma encontra-se a forma como nós,
enquanto espécie humana, olhamos para as outras espécies e para o
próprio planeta no seu todo. Cingindo a análise particularmente ao
chamado “Mundo Ocidental” … que de alguma forma tem vindo a
liderar o processo de globalização … podemos afirmar com um grau
elevado de segurança que a matriz dominante tem sido essencialmente
antropocêntrica. Dito por outras palavras e seguindo um pensamento
profundamente associado aos paradigmas religiosos dominantes, a
espécie humana coloca-se a si mesma no centro da vida no Planeta
Terra e assume possuir perante essa uma considerável superioridade
ética e moral. Essa superioridade como que legitima a forma como
esta se relaciona e explora as outras espécies … como as subjuga e
submete a um inarrável grau de sofrimento e de exploração. E
pode-se ainda afirmar que o faz de uma forma “industrial”. Ou
seja, creio que não é arriscado afirmar que essa postura
antropocêntrica é uma das principais razões que explicam o elevado
grau de destruição dos ecossistemas naturais. Nesse aspecto creio
que essa mesma cultura “ocidental” teria imenso a aprender com as
chamadas culturas indígenas. É muito frequente quando observamos a
forma de estar e ser dessas tribos confrontarmos-nos com uma postura
filosófica completamente diferente, no sentido em que é muito mais
frequente observamos uma matriz filosófica predominantemente
biocêntrica e não antropocêntrico. A espécie humana mesmo que
possua uma superioridade prática em relação às outras espécies,
mesmo que exerça um certo nível de exploração, efectivamente
coloca-se ou percepciona-se numa posição muito mais humilde e de
muito maior respeito relativamente às outras espécies e ao
ecossistema no seu todo. Tende a percepcionar-se como um filho da Mãe
Natureza e não como o seu amo e senhor. Tende a percepcionar as
outras espécies como que “irmãos” e em várias situações
ocorrem por exemplo importantes rituais de agradecimento ao animal
“irmão” que é abatido para alimentar os membros da tribo. Há
também uma postura de muito maior humildade no sentido de não
retirar de natureza mais do que o estritamente necessário. O que
representa uma realidade completamente diferente da postura
exacerbadamente “extractivista” no mundo industrial … em que
praticamente não se concebem limites àquilo que se pode e deve
retirar da Natureza … particularmente numa perspectiva de gerar um
lucro constante e mais uma vez também numa óptica moral do “ser
humano” estar aqui para controlar e dominar o planeta. Do ser
humano ser superior a todas as outras espécies.
Na
minha humilde opinião estou convicto de que dificilmente podemos
esperar um mundo efectivamente diferente enquanto essa postura
antropocêntrica de alguma forma prevalecer.
Podemos
até acreditar que em função de todo a evolução tecnológica das
últimas décadas a espécie humana se tornou dona e senhora do
planeta … se tornou capaz de controlar toda a vida no planeta.
Mesmo sendo inegável que vivemos possivelmente uma época sem
precedentes … nomeadamente no que concerne à capacidade do ser
humano em utilizar soluções tecnológicas para suplantar por
exemplo os próprios limites e factores naturais … a verdade é que
é uma ilusão acreditar que este transcendeu por completo esses
limites … desde logo o da mortalidade. Podemos ter uma esperança
média de vida em geral superior à dos nossos avós, bastante
superior até mas … nem por isso deixarmos de viver numa condição
eminentemente frágil face por exemplo à nossa própria mortalidade.
Para
além disso quando observamos a magnitude de uma catástrofe natural
… de um sismo, de um furacão, de um “tsunami”, da erupção de
um vulcão … é verdade que devido aos avanços tecnológcos
provavelmente o nível de destruição causado por qualquer uma
dessas catástrofes tende a ser menor … mas nem por isso menos …
catastrófico em muitos casos.
É
ainda importante salientar que é muito subjectivo falar dos avanços
tecnológicos da nossa civilização quando o acesso a essa mesma
tecnologia é ainda tão díspar …
Há
milhões de seres no nosso planeta que não têm acesso a bens,
nomeadamente meios tecnológicos, que para nós parece do mais
elementar direito.
A
verdade é que imersos que estamos na nossa própria realidade,
torna-se difícil projectarmos-nos de forma a conseguirmos
compreender minimamente a realidade dos outros. E a verdade é que
tantas e tantas vezes estamos longe, muito longe, de conseguir
imaginar e projectarmos-nos no sentido de perceber sequer minimamente
o que é estar no lugar desses seres.
Dito
de outra forma, creio que não estou a proferir nenhuma heresia se
afirmar que a muitos níveis no essencial somos verdadeiramente
privilegiados.
E
voltando à questão das catástrofes naturais e se calhar não tão
“naturais”, se considerarmos que factores antropogénicos influem
cada vez mais (nomeadamente no contexto das alterações climáticas),
também a esse nível os impactos são muito diferentes e tão mais
“catastróficos” quanto menores forem as condições operacionais
e logísticas, tecnológicas também, desses países para responder a
um cenário de crise. Para além das enormes disparidades que podem
verificar-se e verificam-se efectivamente tantas e tantas vezes
dentro de um mesmo país.
Então
a verdade é que, em larga medida, continuamos a estar longe de
conseguir controlar muitos factores e acontecimentos de
ordem natural. Uma constação que poderia servir no mínimo para
questionarmos a validade moral do pensamento antropocêntrico.
Talvez
as coisas estejam efectivamente a mudar e comece a haver uma procura
por parte de alguns indivíduos e pequenos grupos da nossa sociedade
por uma matriz e particularmente por estilos de vida que no essencial
estão muito mais alinhados com uma forma de ser e pensar biocêntrica
do que propriamente com o pensamento/padrão antropocêntrico
dominante … e parece-me que esse caminho é sem sombra de dúvida o
que faz cada vez mais sentido.
PJP.ECOLUTION
telm.
(+351) 93 4476236
f.b.https://www.facebook.com/pjp.ecolution/
Youtube.https://www.youtube.com/channel/UCHFM3JscwSgp6yuqDqScw1w
blog.https://pjp-ecolution.blogspot.com/
#covid19
#transição #ecotopia #alterglobalização #consumoconsciente
#ecologismo #pensamentoecológico #decrescimento #ecoconsumo
#comunidades #regeneraçãoecológica #estilosdevidaalternativos
#ecoaldeias #permacultura #agriculturaregenerativa #biocentrismo
#mãeterra