quinta-feira, 14 de outubro de 2021

Ah!!! mas (não) são verdes! /15-10-2021

 

Podem os chamados espaços verdes ser na verdade mais um problema ecológico e não uma solução? Por muito paradoxal que a resposta possa ser... sim podem... e em muitos casos até são. Tudo depende da visão, concepção e mesmo gestão desse espaço verde... sobretudo dos paradigmas dominantes. Não sei bem as razões históricas e culturais para isso (suponho que radica em larga medida numa visão antropocêntrica da espécie humana como "domadora" e dominadora de uma Natureza rebelde) mas para muitas pessoas e entidades, nomeadamente autarquias, um espaço verde "cuidado" é um espaço todo "arranjadinho", com a relva rasa, praticamente sem vegetação espontânea que é vista como um inimigo a exterminar sem piedade. E é aqui que começa o problema, ou problemas, ecológicos... Normalmente nesses espaços são usadas quantidades obscenas de herbicidas e de outros produtos químicos de síntese. Acresce que devido, desde logo, a uma maior exposição solar e muito menor capacidade de retenção de água o consumo da mesma tende a ser muito superior. Para além disso são espaços que tendem a ser muito mais pobres em termos de biodiversidade, já que a vegetação espontânea é normalmente um elo e elemento de elevada importância no equilíbrio de um ecossistema. Por tudo isso e muito mais urge uma profunda mudança de mentalidades na forma de olhar e conceber um "espaço verde". Felizmente nalguns locais essa mudança começa a acontecer e um bom exemplo disso é o do Parque da Devesa em Famalicão. Creio que também o Parque de Avioso no município da Maia. Também o município de Lousada está, ao que sei, a adoptar uma paradigma de manutenção de espaços verdes "inovadora" ao permitir a existência de áreas onde a vegetação pode despontar "livremente" sem correr o risco de ser literalmente arrasada ao primeiro despontar. Assisti a um documentário no “Biosfera” sobre isso mas já não consegui encontrar o episódio. Ainda há por certo um longo caminho a trilhar mas no que à Natureza diz respeito e em particular em relação à Biodiversidade a verdade é que tempo é em certa medida um "luxo" que vai diminuindo a uma velocidade vertiginosa... o ritmo de perda da Biodiversidade e de destruição dos ecossistemas (ou simplesmente profunda alteração e desequilíbrio nos mesmos) é muito superior ao de alguma regeneração ecológica que se vai desenvolvendo sobretudo através de projectos com uma visão e dinâmica efectivamente regenerativa. Por vezes tudo o que a Natureza nos pede para fazer é... nada. Deixá-la simplesmente despontar livremente... ou pelo menos reduzirmos a intervenção e ação sobre a mesma. Haja inteligência e visão para compreender o que fazer em cada situação e em cada momento. Fica o repto.


Sobre a boa política do Parque da Devesa em Famalicão:

https://vilanovaonline.pt/2021/07/16/parque-da-devesa-protege-biodiversidade-deixando-crescer-vegetacao/


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